O Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN), por meio da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira, promoveu nesta quarta-feira (22) o debate “Filosofia da Mente e Inteligência Artificial”, reunindo servidores e especialistas para discutir as fronteiras entre o pensamento humano e a inteligência das máquinas. A proposta foi refletir sobre os impactos éticos, cognitivos e institucionais da tecnologia, em um momento em que o TCE investe na implantação de ferramentas de IA para aprimorar a produtividade e a inovação em suas rotinas de trabalho.
Participaram da mesa os professores de filosofia Willians Damasceno e Jumara Sasaki, o consultor-geral do TCE, Leonardo Medeiros, e o assessor e especialista em inteligência artificial, Francisco de Castro Alves. O encontro foi marcado por uma troca de visões entre a perspectiva filosófica e a experiência prática de quem lida diariamente com a aplicação da IA na administração pública.
Em sua exposição, Willians Damasceno fez um paralelo entre alguns aspectos da existência que, como os prompts que hoje orientam as máquinas, moldam a mente humana, citando a cultura ou até mesmo a biologia. “A inteligência artificial e a mente humana são reféns de códigos e molduras. A mente precisa estar sempre em reflexão”, afirmou.
A professora Jumara Sasaki tratou da filosofia como busca da sabedoria, diferente da simples busca pelo conhecimento. Ela propôs um olhar crítico sobre a tendência de associar o avanço da humanidade apenas ao progresso científico e tecnológico, convidando o público a refletir sobre o que realmente significa ser humano. “O problema não é a máquina copiar o homem, é o homem copiar a máquina”, alertou, ao falar sobre o risco da mecanização da vida e da perda de sentido diante da automação crescente.
O consultor-geral Leonardo Medeiros trouxe a visão prática de quem acompanha o uso da inteligência artificial no contexto institucional, destacando a necessidade de manter o pensamento crítico em meio à automação. Ele falou sobre o perigo do “sedentarismo cognitivo”, quando o ser humano passa a aceitar respostas automáticas e deixa de questionar, refletir e criar. “A IA não vai substituir ninguém. Quem usa IA é que vai substituir quem não usa”, afirmou, ao defender que o verdadeiro diferencial continuará sendo a capacidade humana de interpretar, contextualizar e decidir.
Já Francisco de Castro Alves, especialista em IA e assessor técnico do Tribunal, abordou o funcionamento interno dos sistemas inteligentes, destacando que tanto a mente humana quanto a inteligência artificial são moldadas por regras e conformidades, justamente a estrutura que permite que ambas possam aprender, evoluir e produzir resultados.
O presidente do TCE-RN, conselheiro Carlos Thompson Costa Fernandes, ressaltou a relevância do debate como parte do processo de modernização institucional e de valorização do pensamento crítico. “O uso da inteligência artificial no setor público não deve ser apenas uma questão tecnológica, mas também ética e humana. É fundamental que compreendamos o papel das pessoas nesse novo contexto e que a inovação sirva sempre ao interesse público”, destacou.
A iniciativa integra as ações da Escola de Contas Professor Severino Lopes de Oliveira voltadas ao desenvolvimento intelectual dos servidores e à capacitação para o uso da tecnologia e da inovação na administração, reafirmando o compromisso do TCE com a inovação, mas também com a preservação da centralidade do ser humano nas decisões.
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